Como a Ju já havia contado pra vocês tem gente nova por aqui. Tive a honra de ser convidada por ela para dividir com vocês um pouquinho das coisas que acho interessantes/importantes/bonitas etc etc, principalmente sobre livros e dicas de leitura, que como ela sabe, eu amo. Isso não impedirá que eu traga à vocês coisas além disso. Estou gostando muito da ideia, alias, já tive um blog, já tive um tumblr digno onde postava meus textos e pensava muito em voltar a fazer algo do tipo. Devo um muuuuito obrigada pra linda da Ju, e espero ser bem vinda aqui, prazer, me chamo Tuani Zat! =)
Para vocês me conhecerem um pouquinho melhor, ou matarem a curiosidade ... vou postar um dos meus textos preferidos aqui embaixo.
"Foram quase infinitos os passos dados por Camila naquela manhã, e no entanto, ainda não tinha rumo. Inocentemente viu-se perdida longe da cidade, longe de tudo e de todos, até mesmo daquele pensamento perturbador que a havia feito sair assim, sem rumo. Sentia seus olhos abrirem ao máximo de um modo deveras enigmático, sentia-se diferente, tinha a sensação de poder ver os mínimos detalhes da vida.
Sentou-se a observar, uma vida que não era dela, estava no meio de um campo extraordinariamente verde, sem uma única falha, como que se as fadas da primavera tivessem feito ali um belo trabalho, digno de aplausos. Seus olhos alcançaram ao longe um pequeno riacho de água limpa, ouvia o borbulhar da água na corredeira, com os ouvidos aguçados prestou atenção nos pássaros que pousavam e saltavam das árvores, cantando alegres, podia sentir os seus sorrisos escondidos pela penugem.
As árvores passaram a lhe encantar e assustadoramente, a cem, duzentos metros ela podia ver os mínimos detalhes de suas folhas, de vários formatos, redondas, triangulares e estreladas, do tronco, carregado de musgos viscosos por motivo do tempo muito úmido do outono. Desde Acácias, com copa arredondada, até escassos Pinheiros pontiagudos e espinhentos.
Estava encantada e mais do que isso, sentia-se diferente, esquecia-se de tais motivos que a fizera estar ali. Deitou-se, pequena Camila, e dispôs-se a olhar o céu. Manto azul infinito estendido sob o mundo inteiro, era complexa demais tamanha grandiosidade, seu pensamento ainda se limitava a ser pequeno e entender que o céu era apenas aquilo que via até chegar o horizonte. Silenciou o pensamento por instante. Instante transformou-se em horas ali parada, simplesmente contemplando o céu, porque nada de melhor havia nesse mundo. Vieram as nuvens em forma de flores, lhe deixando um sorriso e indo embora, vieram em forma de sonhos e a fizeram sonhar. (In)felizmente a noite veio chegando, tomando apenas cantinho de céu e dizendo “Camila é hora de acordar”, e Camila acordou. Contemplou ultimamente o céu rosado no horizonte que em degradê transformava-se em azul claro-escuro e logo após já era noite. Relembrando: era noite apenas em um cantinho do céu.
Andar sem rumo novamente era o seu destino, voltar atrás ela não iria, não agora. Em pouco tempo chegou em uma viela pequenina, sem cobertura, de terra mesmo e rodeada de um matagal denso, era de certa forma amedrontador, porém o céu rosado tirava essa “cara de mau” do lugar. Estranhou não sentir cansaço em suas pernas, nem sentir fome, mas no fundo sabia, seus crescentes sonhos a alimentavam. Ouviu barulho, mas disse a si mesma “Calma Camila, não é nada”. Ouviu de novo, ficou atenta, feito bicho acuado no canto da sala, com medo. Instintivamente escondeu-se, sim, entre o próprio matagal, pois não acreditava serem animais da mata. Sentiu seu coração bater forte e temia que até mesmo a vegetação a sua volta acordasse ouvindo o seu ‘tum tum’ de apreensão Um minuto, dois depois, e revelaram-se ao longe barulhos acuados e crescentes que tornaram-se passos e por fim ela avistou.
Família inteira, de humanos? Camila não sabia. Pequenos humanos, a primeira vista, pai, mãe, filho e filha. Aproximavam-se, e as crianças corriam alegres porém os olhos da mãe eram caídos e extremamente entristecidos, os cílios eram longos e belos porém demonstravam umidade de um choro incerto. Quanto mais próximos mais detalhes podia ver, eles tinham aparência humana, alguns centímetros menor que o normal, íris felina e muito clara, cílios longos como nunca havia visto antes, ao piscar lembravam as asas de uma borboleta, Camila sorriu. Surpresa, ao ver uma das crianças de costas percebeu seu rabo, propriamente dito, peludo, também felino, andavam graciosamente de um modo muito particular. De resto, pareciam humanos. A este momento quase alcançavam o arbusto onde se recolhia, e Camila se engraçava com suas garras e peculiaridades. Ela decidira os ver passar, e somente isto. O pequeno menino corria atrás de sua irmãzinha que distanciou-se para trás, chegou perto do arbusto e desastrosamente Camila recuou fazendo algum barulho, ela virou e olharam-se nos olhos. Só isso, Camila perguntava-se se ela havia mesmo sorrido, sentiu ternura pela pobre e pequena ... ela não sabia dizer o que era.
Quando deu-se por conta, eles já estavam fora de sua vista, havia novamente se perdido em seus próprios pensamentos e o tempo passara. Voltou a parar no meio da viela, e decidia para que lado seguiria quando ouviu um chamado por seu nome, um chamado agudo de estourar tímpanos, e acordou.
Sim, você leu bem, Camila a-c-o-r-d-o-u, estava de volta a seu quarto a sua cama e com a mente presa em um sonho do qual não desejava ter saído. Porém não acredite que por que era um sonho não era real, muito menos que porque foi único até agora que seria único eternamente. Saiba também que Camila, agora tinha alento, pois os motivos que a levaram caminhar sem rumo eram reais, foram esquecidos na irrealidade e não valiam a pena ser lembrados, não agora.
Camila abriu sorriso e seguiu. Tinha muito pela frente."
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